Mesa de negociação com gráficos de soja e milho em telas digitais em ambiente corporativo moderno

Em meus anos atuando no mercado de commodities, me deparei com muitas dúvidas sobre como transformar a volatilidade em oportunidade. Quando os preços da soja e do milho sobem, surge uma sensação de urgência, mas também de receio: e se cair amanhã? E se eu vender muito cedo? Nessas horas, vejo que poucos conhecem a fundo uma estratégia clássica: o cash and carry.

O cenário das safras e a volatilidade

Segundo as projeções do IBGE, a safra brasileira deve chegar a impressionantes 314,8 milhões de toneladas em 2025. Soja e milho, juntos, representam 92,1% desse total. Números tão impactantes acentuam a disputa entre oferta, demanda, especulação, estocagem e risco de preço.

Silos cheios de milho e soja vistos de cima

Quando consulto os dados, noto também que a capacidade de armazenagem agrícola do Brasil subiu 5,4% no primeiro semestre de 2024, alcançando 222,3 milhões de toneladas. Isto viabiliza operações logísticas cada vez mais sofisticadas, abrindo espaço ao uso de mecanismos como o cash and carry.

Entendendo o cash and carry: conceito no dia a dia

Como costumo explicar, a estratégia de cash and carry consiste em comprar o produto físico (por exemplo, milho ou soja), estocar e vender simultaneamente um contrato futuro desse mesmo ativo. O investidor trava assim o preço de venda lá na frente, transformando a incerteza em previsibilidade.

Rentabilidade sem adivinhação.

Na prática, é como se o produtor, a trading ou a indústria assegurassem que, independente das oscilações do mercado futuro, já conhecem o resultado financeiro da operação desde o início. E se eu puder ser direto: essa estratégia é especialmente valiosa quando os preços futuros estão acima dos preços à vista, fabricando aquela famosa estrutura de contango.

Como funciona na prática: passo a passo

Fico animado quando o produtor não enxerga apenas teorias. Então, gosto de ilustrar a dinâmica do cash and carry para quem me pergunta:

  1. Compra-se soja ou milho no mercado físico ao preço corrente (spot).
  2. Estoca-se esse grão durante um período determinado.
  3. Vende-se, ao mesmo tempo, um contrato futuro de mesma quantidade e vencimento.
  4. Na data do vencimento, entrega-se o físico ou liquida-se ambas as posições, embolsando a diferença entre os preços, descontados custos de armazenagem, financiamento e frete.

O segredo? O ganho potencial ocorre quando o preço futuro é maior que o preço spot somado aos custos de carregar o estoque. Nesse cálculo, entram juros, armazenagem e possíveis custos logísticos.

Quando faz sentido operar dessa forma?

Pela minha vivência, essa abordagem é mais indicada quando:

  • O prêmio futuro está interessante (mercado em contango).
  • Há boa estrutura de armazenagem, seja própria ou terceirizada.
  • A empresa deseja travar margens diante de volatilidades, sem abrir mão de liquidez futura.

No Brasil, onde a oferta e a procura mudam drasticamente entre safras, essas condições acontecem com frequência, sobretudo em anos de supersafra.

Por que o cash and carry ganha força em ambientes de preços valorizados?

Quando vejo soja e milho disparando, percebo um aumento da procura por defesa ou antecipação de receitas. O cash and carry permite transformar preços altos em fluxo de caixa previsível, aproveitando premiações do mercado futuro, mas sem o risco de perder valor caso os preços recuem após a colheita.

Pessoas em uma bolsa de valores negociando commodities agrícolas

Essa estabilidade é desejada tanto para cooperativas, indústrias, cerealistas e até bancos que financiam a cadeia de produção. E é exatamente aqui que plataformas como a Uhedge fazem diferença, conciliando algoritmos de risco com oportunidades em tempo real.

Diferenciais do cash and carry para soja e milho

Soja: liquidez global e calendário de exportação

No caso da soja, a fácil liquidez internacional fomenta operações do gênero. Em anos de safra cheia, há pressão para vendas antecipadas, mas o cash and carry viabiliza segurar estoques e vender adiante sem risco de perder o rally de preços, nem se expor a quebras de demanda inesperadas. Costumo ver muitos integradores adotando essa abordagem quando percebem spread vantajoso entre mercado físico e futuro. Para um olhar mais completo, recomendo o artigo sobre hedge para soja.

Milho: sazonalidade, armazenagem e oscilação

O milho, por sua vez, tem volatilidade ainda mais acentuada devido à segunda safra (safrinha), que aumenta o desafio de armazenamento. Vi casos em que o estoque de milho subiu 91,4% em um semestre, enquanto o de soja caiu 7,8%, de acordo com os dados sobre capacidade de estocagem. Nessas circunstâncias, cash and carry pode ser crucial para destravar receitas e contornar gargalos logísticos. Já discuti esse tema com detalhes no post sobre proteção de preços do milho.

Principais cuidados e armadilhas

Se por um lado cash and carry oferece segurança, por outro exige atenção redobrada ao controle de custos. Se os juros sobem, se há perdas no armazenamento, pragas, deterioração ou falhas na execução dos contratos futuros, parte do resultado pode sumir. Gerir risco e qualidade do estoque é fundamental.

Grãos armazenados com destaque para controle de qualidade e custos

Na experiência da Uhedge, o grande diferencial está no uso de tecnologia para cruzar variáveis em tempo real e personalizar o cash and carry para cada perfil, evitando surpresas desagradáveis e maximizando margens de ganho.

Quando adotar e como começar?

Eu costumo sugerir que o participante do agronegócio avalie os seguintes pontos antes de se posicionar:

  • Entender seu nível de exposição ao risco e aversão à volatilidade.
  • Calcular precisamente todos os custos envolvidos (Juros, armazenagem, taxas, seguros).
  • Analisar a estrutura futura do mercado: existe um prêmio ou desconto relevante?
  • Buscar consultoria especializada, seja através de instrumentos tradicionais ou de plataformas com inteligência artificial, como a Uhedge faz.

No conteúdo sobre hedge no agronegócio eu trago reflexões práticas sobre como buscar previsibilidade e evitar a armadilha das decisões por impulso.

Integração com gestão de risco: tecnologia como aliada

Uma das tendências que observo é que cada vez mais a tecnologia, especialmente IA, está sendo empregada para automatizar a análise de spreads, custos, precificação e acompanhamento de estoques e contratos no cash and carry. Vejo a Uhedge oferecendo relatórios, alertas e recomendações automáticas que, francamente, seriam impossíveis de processar manualmente. A curva de aprendizado para o produtor cai muito e a tomada de decisão se torna mais embasada.

Temas como volatilidade, proteção patrimonial e estratégias combinadas de hedge ganham espaço em nossa categoria de commodities, sempre buscando democratizar o acesso à inteligência financeira.

Se o leitor quiser entender mais sobre como evitar prejuízos com grandes oscilações de preço, vale consultar também a leitura sobre proteção contra volatilidade em commodities, onde detalhes de outras ferramentas de contenção aparecem.

Considerações finais

Em minha avaliação, cash and carry é, acima de tudo, um convite ao planejamento. O produtor, o trader, a indústria que entendem a relação entre físico e futuro podem transformar instabilidade em vantagem competitiva.

Quem planeja melhor, colhe mais previsibilidade.

Se você busca proteção patrimonial, receita estável e tranquilidade diante das oscilações do mercado agrícola, talvez seja hora de conhecer mais sobre as soluções e carteiras inteligentes que a Uhedge proporciona. Acesse a plataforma, aprofunde-se nos conteúdos, torne seu negócio mais forte diante do inesperado.

Perguntas frequentes

O que é a estratégia cash and carry?

Cash and carry é uma estratégia na qual se compra o produto físico (como soja ou milho), armazena por um período e vende simultaneamente contratos futuros desse mesmo ativo, travando o preço lá na frente. Isso cria previsibilidade no resultado financeiro, mesmo em cenários de forte oscilação de preços.

Como funciona o cash and carry para soja?

No caso da soja, a operação consiste em comprar o grão no mercado spot, guardar em silo ou armazém, e vender um contrato futuro na bolsa para entrega futura. Na data combinada, liquida-se ambas as posições, considerando custos de armazenagem, juros e frete. É muito útil quando o preço futuro está acima do preço vigente ampliado pelos custos.

Vale a pena usar cash and carry no milho?

Se existe uma diferença positiva relevante entre o preço futuro e o atual somados aos custos envolvidos, o cash and carry para milho é bastante interessante. Como o cereal apresenta forte volatilidade e grande volume, a tática ajuda a estabilizar receitas e evitar perdas com oscilações inesperadas.

Quais os riscos do cash and carry?

Os principais riscos estão ligados ao aumento de custos (como juros ou fretes), perdas de qualidade no estoque, eventuais falhas operacionais na rolagem ou liquidação dos contratos futuros, e mudanças inesperadas na relação entre preço spot e futuro. A gestão de riscos e uso de tecnologia ajudam a minimizar essas ameaças.

Onde aplicar cash and carry no agronegócio?

A estratégia pode ser usada por produtores, cooperativas, cerealistas, traders e indústrias de processamento, sobretudo em commodities com mercado futuro líquido, como soja e milho. Quando há capacidade de armazenagem, condições logísticas viáveis e diferença favorável entre preço spot e futuro, o cash and carry pode ser um diferencial decisivo.

Share this article

Quer conhecer mais sobre como a Uhedge pode lhe ajudar?

Oferecemos uma solução completa de Mesa de Hedge de Commodities, Juros e Câmbio, integrando tecnologia proprietária com gestão de recursos profissional.

Falar com especialistas
Uhedge | Trading Solutions

About the Author

Uhedge | Trading Solutions

Mais de 20 anos de experiência nacional e internacional em gestão especializada de commodities globais, com cerca de R$ 40 milhões sob gestão. Transformamos o risco de commodities em estabilidade e resultado para a sua empresa.

Recommended Posts