Ao longo dos meus anos estudando finanças e observando os bastidores dos mercados, uma dúvida sempre me chamou atenção: por que tantos investidores e empresas ainda enxergam seguros e hedge como universos tão distantes? No fundo, ambos têm um objetivo comum, que é suavizar incertezas. E, ao contrário do que parece, são complementares, não rivais, quando o assunto é proteger o patrimônio frente à volatilidade.
Neste artigo, quero mostrar como esses instrumentos dialogam, aplicando desde os fundamentos até exemplos práticos, explorando também estratégias como as que aplicamos na STATERRA Asset Management. Peço licença ao leitor para trazer um olhar pessoal, mesclando experiências e ideias testadas, tudo bem próximo da realidade brasileira.
Por que proteção nunca foi tão relevante?
É provável que, mesmo sem querer, todos nós já praticamos algum tipo de defesa contra imprevistos – seja o seguro do carro, a aplicação daquele título que acompanha o CDI, ou a trava em dólar para viagens internacionais. Quanto maior a exposição de uma empresa, mais formas ela busca para diluir impactos adversos sobre resultados e fluxo de caixa.

Em estudos do Observatório Acadêmico do Seguro Rural, por exemplo, ficou claro como o seguro rural, aliado a outras práticas, contribui para evitar prejuízos milionários a produtores diante de secas e enchentes. Se pensarmos no setor de energia, movimentos bruscos no preço do megawatt também ilustram por que antecipar-se ao inesperado virou questão de sobrevivência.
Para quem acompanha o setor financeiro e lê conteúdos como os da categoria de risco na Staterra, sabe que o universo dos riscos hoje é mais complexo do que nunca: eventos climáticos, oscilações cambiais, ameaças cibernéticas e até crises políticas internacionais afetam empresas e investidores em todos os níveis.
Proteger faz parte de crescer consistente.
Como funciona o seguro?
O princípio do seguro é tão antigo quanto simples: um grupo divide entre si os custos de possíveis perdas. Você paga um prêmio anual e, caso o evento negativo aconteça (incêndio, roubo, morte, seca), a seguradora cobre parte ou todo o prejuízo. O seguro é, portanto, um contrato prévio transferindo o dano potencial a uma instituição financeira.
- Seguro multiplica a previsibilidade financeira: as empresas sabem exatamente quanto vão desembolsar ao ano, sem surpresas caso ocorra um sinistro.
- Já para pessoas físicas, vai do seguro de automóvel até produtos como seguro viagem ou residencial. Para o mundo corporativo, os seguros abrangem desde riscos patrimoniais (fábricas, estoques) até responsabilidade civil em acidentes ambientais, tecnologia, saúde de funcionários e danos operacionais.
- Na agricultura, o seguro rural é peça-chave, cobrindo perdas por seca, granizo ou pragas – com o programa de subvenção do governo ajudando a popularizar a adesão. O Observatório Acadêmico do Seguro Rural traz dados sobre como o setor evoluiu nos últimos anos.
O que é hedge e como ele age?
Hedge é um termo originalmente inglês, e significa “cerca” ou “proteção”. No mercado, é uma estratégia em que se assumem posições financeiras, geralmente usando derivativos, para limitar ou compensar prejuízos de oscilações em preços – de commodities, moedas, juros, energia e muito mais. É uma blindagem contra volatilidade, mas sem transferir o risco a terceiros, como ocorre no seguro.
Particularmente, quando ofereço soluções na STATERRA, noto que o hedge costuma ser usado tanto para proteção (protagonista das carteiras administradas) quanto para buscar retorno adicional, quando feito de forma estratégica e cuidadosa.
Aqui estão as maneiras mais vistas de fazer hedge:
- Contratos futuros: travam preços de compra ou venda em data futura.
- Opções: oferecem direito de compra ou venda, garantindo preço mínimo ou máximo independentemente da cotação futura.
- Swaps e contratos a termo: comuns para proteger câmbio e taxa de juros.
Hedge não elimina o risco. Ele redesenha o perfil de exposição.
Como seguros e hedge se unem na proteção?
Apesar de usarem lógicas distintas, seguros e hedge costumam ser usados lado a lado, atuando em camadas distintas. Um produtor pode contratar um seguro agrícola para cobrir perdas físicas causadas por clima, enquanto executa hedge de preços do milho, protegendo-se das oscilações do mercado em Chicago. Com isso, limita tanto o dano físico imprevisto quanto os reflexos financeiros de um movimento negativo nos preços.
Uma experiência marcante que tive foi com clientes do setor de metais que, além de usarem derivativos para estabilizar sua receita, mantinham seguros patrimoniais bem robustos. Isso conferia serenidade até quando imprevistos climáticos afetavam instalações ou logística. Essa abordagem casada é explorada em detalhes em materiais sobre estratégias de hedge para metais.

Complementariedade na prática
- Seguros são eficazes contra riscos localizados (evento/fato pontual), como sinistros físicos em propriedades ou veículos.
- Hedge atua contra riscos de mercado (preços, câmbio, taxas), que não são cobertos por seguros tradicionais.
Quando unidas, as ferramentas permitem à empresa manter margens, fluxo de caixa e até a continuidade do negócio mesmo sob pressão externa.
Desafios e pontos de atenção na combinação
Parece simples, mas alinhar seguros e hedge exige planejamento e conhecimento técnico. Primeiro, é fundamental mapear bem os riscos: quais ameaçam a estrutura? Existem ativos físicos expostos? Há dependência forte de preços internacionais?
Segundo, a taxonomia clara de riscos é aliada do processo. Estudos mostram que empresas que desenvolvem taxonomias precisas reduzem a subjetividade em auditorias e fortalecem seus programas de gerenciamento corporativo.
A contabilidade de hedge, por exemplo, é mais sofisticada, pois permite alinhar operações com padrões contábeis, transmitindo transparência inclusive aos investidores. O uso de contabilidade de hedge vem crescendo nas companhias brasileiras listadas justamente para alinhar as operações de proteção com a apresentação dos resultados financeiros.
O equilíbrio entre instrumentos de proteção protege o presente sem abrir mão do futuro.
Avanços tecnológicos e novos instrumentos
Eu arriscaria dizer que poucas áreas progridem tão rápido quanto a dos seguros e dos derivativos hoje em dia. O desenvolvimento de seguros paramétricos – em que pagamentos são gatilhados por dados climáticos, por exemplo – já movimenta o agronegócio e energia no Brasil. Matérias como a análise do INMET sobre dados meteorológicos e seguros paramétricos mostram como a união entre dados, tecnologia e produtos inovadores amplia o alcance das soluções de mitigação.
No setor público, cresceram também os mecanismos para quantificar riscos fiscais e estruturais, conforme analisa um estudo do Tesouro Nacional sobre riscos fiscais. Isso confirma a tendência de buscar segurança não só entre empresas, mas em toda a sociedade – uma dinâmica que conversa com o nosso foco aqui na STATERRA.
Quais erros percebo mais no mercado?
Nessa caminhada, já vi alguns tropeços se repetirem:
- Confiar só no seguro ou só no hedge: a crença de que um elimina todos os riscos é ilusória.
- Ignorar riscos de mercado, especialmente o câmbio, como discuto em detalhes no artigo sobre o risco cambial e seus impactos.
- Desconhecer o efeito colateral dos custos com hedge mal desenhado ou seguros subdimensionados.
- Não adaptar as soluções com frequência, já que o ambiente econômico muda sem aviso prévio.
Boas práticas para empresas e investidores

- Realize o diagnóstico amplo: avalie cenários adversos, de quebra de safra a flutuação do dólar.
- Busque personalização: cada negócio deve alinhar o mix de proteção à sua realidade, algo que valorizamos em todas as análises na STATERRA.
- Fique atento às mudanças de legislação, tributação e liquidez do mercado de derivativos.
- Não deixe a revisão de coberturas e estratégias para depois. Adaptação constante faz diferença.
- Aprenda com relatórios do setor, como artigos sobre soluções aplicadas usando derivativos ou estudos acadêmicos. Capacitação contínua é um divisor de águas.
- Compartilhe os aprendizados: equipes bem informadas tomam decisões mais equilibradas, reduzindo reatividade e melhorando o desempenho no tempo.
Conclusão: proteger é agir antes
Depois de tantos projetos, percebi: a melhor defesa é a combinação equilibrada – personalizada – entre instrumentos de proteção. Enquanto o seguro cobre desastres localizados, o hedge doma a volatilidade dos mercados, incluindo câmbio, commodities e juros. Usar ambos é mais que estratégia, é responsabilidade com resultados presentes e futuros.
Na STATERRA, essa atuação antecipada é parte do DNA. Se você quer aprender mais sobre soluções quantitativas, receber dicas para proteger seu patrimônio ou discutir dúvidas específicas sobre estratégias sofisticadas de proteção e rentabilidade, recomendo conferir nosso conteúdo ou nos procurar. Defender seus resultados é o que nos move. E proteger nunca foi apenas questão de sorte, mas de escolha bem informada.
Perguntas frequentes sobre gestão de riscos, seguros e hedge
O que é gestão de riscos?
Gestão de riscos é o processo pelo qual pessoas ou empresas identificam, avaliam e tratam ameaças potenciais que podem impactar seus objetivos ou resultados financeiros. Envolve mapear cenários, calcular probabilidades e adotar medidas preventivas, como seguros e instrumentos de proteção financeira. Esses processos são essenciais para manter a continuidade e a saúde financeira, como confirmam revisões sobre programas de gerenciamento de riscos corporativos.
Como funcionam seguros na gestão de riscos?
O seguro transfere as possíveis perdas para uma empresa especializada, mediante o pagamento de um prêmio periódico. Assim, se um evento negativo acontecer (incêndio, acidente, seca), o segurado é indenizado, evitando prejuízos que poderiam comprometer finanças ou operações. Na agricultura, por exemplo, coberturas contra fenômenos climáticos têm mantido muitos produtores ativos mesmo após safras difíceis, segundo as análises sobre a evolução do seguro rural.
O que é hedge e para que serve?
Hedge é uma estratégia para reduzir ou “cercar” o impacto das oscilações de preços de ativos, câmbio ou taxas de juros. Normalmente, utiliza derivativos financeiros, contratos futuros, opções ou swaps. Empresas e investidores recorrem ao hedge para proteger receitas, custos e margens contra choques inesperados do mercado, como mostra o uso crescente de contabilidade de hedge em empresas brasileiras listadas na B3.
Vale a pena combinar seguros e hedge?
Na minha experiência, a união dos dois instrumentos oferece camadas complementares de proteção. Seguro cobre perdas físicas e imprevisíveis (como acidentes e desastres), enquanto o hedge minimiza choques financeiros (variações de preços, taxas, câmbio). Um não substitui o outro. Quando bem combinados, aumentam a tranquilidade e a estabilidade financeira da empresa ou do investidor.
Quais as melhores práticas para gestão de riscos?
- Realize diagnósticos detalhados dos perigos para o negócio, tanto internos quanto externos.
- Mantenha taxonomias claras e programas de controle atualizados, como apontam revisões sobre auditoria e ERM.
- Personalize o mix de instrumentos de proteção conforme os objetivos e contexto.
- Adapte estratégias com frequência, observando mudanças econômicas e regulatórias.
- Capacite sua equipe e busque informações de fontes confiáveis, como os conteúdos da STATERRA ou análises acadêmicas.
