Campo de cana-de-açúcar queimado e danificado após incêndios em 2025

No final de 2025, o segmento sucroenergético vive um daqueles momentos marcantes, mas que ninguém no campo deseja lembrar. É uma fase tensa, de números frágeis e muitas perguntas abertas. Essa travessia difícil é resultado de uma combinação entre clima desfavorável, incêndios devastadores em canaviais e uma derrocada nos preços de seus principais produtos.

O campo não sorri em 2025. O setor sente o baque.

A safra ruim e o impacto inicial

O ano começou mal antes mesmo da colheita. A temporada de 2025 foi marcada por chuvas irregulares e estiagens prolongadas, seguidas por incêndios que atingiram milhares de hectares de cana-de-açúcar. O resultado foi uma matéria-prima escassa e de qualidade inferior, combustível para tempos difíceis.

Quando a safra engrenou, produtores e unidades industriais logo notaram o cenário desanimador: preços do açúcar e etanol caindo vertiginosamente, sem previsão de recuperação rápida.

Tratores colhendo cana-de-açúcar em um campo parcialmente queimado, clima nublado e tom melancólico Queda histórica no açúcar e no etanol

O tombo nos preços internacionais do açúcar em 2025 foi o maior desde 2018. Só neste ano, o recuo já passa de 20%. Em 2018, a retração havia sido de 15%. Agora, a queda é ainda mais agressiva, afetando toda a cadeia.

As principais empresas do setor sucroenergético refletem esse cenário:

  • Raízen: perdeu 55,56% do seu valor de mercado, pressionada por dívidas acumuladas e baixa rentabilidade do açúcar e etanol.
  • Jalles Machado: caiu 42,46%, agravada por tarifas dos EUA e mercado interno fraco.
  • São Martinho: retrocedeu 34,67% desde o início do ano.

A desvalorização foi tão intensa que, para muitos investidores, o setor virou sinônimo de risco e incerteza.

O avanço silencioso do etanol de milho

Um dos pontos mais comentados em 2025 é o papel do etanol feito a partir do milho. Ele já representa 23% do total ofertado nacionalmente e deve atingir nada menos que 32% em 2026. Esse novo equilíbrio, antes impensável, alterou todo o funcionamento das unidades produtoras de açúcar e álcool de cana.

Antes, alternar o mix de produção entre açúcar ou etanol era uma segurança: com o preço de um, segurava-se a margem quando o outro fraquejava. Dessa vez, ambos fraquejaram juntos. O milho ocupou espaço no mercado, barateou o etanol, elevou a oferta e reduziu as margens.

Desta vez, mudar o mix não resolve. O milho mudou o jogo.

Estratégias travadas e o dilema da margem

O economista Fabio Louzada explicou a armadilha deste ciclo: normalmente, o produtor busca a “maior margem possível”. Em 2025, o etanol hidratado no mercado interno torna-se ainda menos atraente do que o açúcar direcionado à exportação.

Ao mesmo tempo, a análise do Itaú BBA chama atenção para a queda da gasolina no mercado internacional (em reais), puxando o preço nas refinarias da Petrobras 4,9% para baixo. Isso força o etanol a competir diretamente nas bombas, piorando ainda mais sua atratividade.

Com ambos os carros-chefes desvalorizados, as usinas acabaram focando cada vez mais no açúcar, mesmo que isso significasse inundar o mercado e forçar o preço para níveis ainda mais baixos.

O recorde no mix açucareiro

Setembro de 2025 ficou marcado por um recorde: 52,9% da cana colhida foi destinada à produção de açúcar. Nunca se viu tanto foco no açúcar antes. Isso aumentou a oferta, ampliou os estoques e, sem surpresa, pressionou os preços para baixo.

Vista de usina produzindo açúcar com cana sendo processada, pilhas de açúcar e caminhões Até o início de outubro, a produção acumulada soma 33,52 milhões de toneladas, ligeiramente acima do ciclo passado (33,24 milhões). Para 2026, a expectativa é de uma colheita surpreendente: 43 milhões de toneladas, um crescimento de 4,6%. Tudo isso, porém, em um ambiente de demanda interna fraca e exportação pressionada.

Demanda interna e vendas travadas

As vendas de produtos à base de açúcar no país estão baixas, afirma o boletim do Cepea/Esalq. A sensação é de uma estagnação generalizada: os supermercados veem estoques parados e a indústria alimentícia não consegue estimular o consumo como antes.

Enquanto isso, o crescimento econômico patina e o poder de compra do brasileiro segue comprometido, afetando o escoamento da produção local.

O golpe internacional: petróleo e concorrência externa

No plano internacional, mais pedras no caminho. O preço do Brent caiu de US$ 76,76 para US$ 65,98. Com isso, o etanol brasileiro perdeu ainda mais força frente aos derivados do petróleo. As usinas, por sua vez, voltaram à única saída possível: exportar açúcar.

No entanto, a Índia também aumentou sua produção. Conforme a associação ISMA, a expectativa para 2025/26 é de alta de 19% após uma queda de 17,5% na safra anterior, com produção chegando a 34,9 milhões de toneladas.

A China, por outro lado, reduz sua produção em 2025 e importa mais açúcar. Isso beneficia momentaneamente o Brasil, mas não compensa o excesso global e os preços deprimidos.

Principais fatores internacionais que pressionam o setor:

  • Alta oferta mundial (Brasil e Índia expandindo produção)
  • Preços do petróleo em baixa reduzindo atratividade do etanol
  • Consumo interno desaquecido no Brasil
  • Exportações menos rentáveis por excesso global

Navios transportando açúcar e etanol em porto com silos e gruas, céu cinzento e filas de caminhões Mudanças estruturais e os desafios do mix em 2025

Historicamente, a indústria sucroalcooleira usava a flexibilidade entre açúcar e etanol para enfrentar variações do mercado. Em 2025, esse mecanismo não funciona como antes.

O crescimento do biocombustível produzido a partir do milho virou o equilíbrio do setor. Empresas que antes dominavam o cenário agora disputam margem no detalhe, já que ambos os produtos estão depreciados.

A pressão é sentida por todos, dos pequenos agricultores às grandes unidades industriais.

A busca por previsibilidade e proteção em um mercado imprevisível

Num cenário de volatilidade, a gestão de risco se torna quase um mantra diário no segmento. Projetos como a Uhedge, com soluções de hedge estruturadas para o agronegócio, assumem papel fundamental para quem busca proteger receitas e garantir algum nível de estabilidade em meio aos solavancos dos preços. Estratégias inteligentes evitam que a pressão do mercado global comprometa o fluxo de caixa e a margem operacional das empresas.

Na categoria de commodities do Blog Uhedge é possível entender como as flutuações de mercado afetam decisões no campo e na indústria. Já em temas como proteção de preços do açúcar e planejamento financeiro para usinas, a discussão aponta caminhos necessários para negócios que precisam sobreviver e crescer neste ambiente.

O que está em jogo?

As decisões deste ciclo vão definir quem sai fortalecido ou apenas resiste. Proteger margem em um mercado imprevisível já não é só recomendação. É condição para permanecer em atividade. O uso de derivativos como ferramenta de previsibilidade torna-se debate recorrente entre gestores e produtores atentos à sobrevivência no médio e longo prazo.

Conclusão

No fim de 2025, o cenário do sucroalcooleiro brasileiro é de queda histórica nos preços, mudanças forçadas no mix de produção e rentabilidade pressionada nos dois principais produtos. O crescimento do etanol de milho, a concorrência internacional acirrada e o consumo interno parado complicam qualquer planejamento.

Quem não se protege, arrisca ficar para trás. Soluções como as desenvolvidas pela Uhedge permitem travar preços, ajustar estratégias e minimizar perdas em tempos conturbados. Em meio ao imprevisível, informação técnica e gestão personalizada dão o tom de sobrevivência e adaptação.

Para navegar por estes desafios e conhecer ferramentas práticas para seu negócio, vale aprofundar o contato com a Uhedge e seus conteúdos, transformando volatilidade em oportunidade. Não espere o próximo ciclo virar para buscar proteção. O futuro do setor é de quem age agora.

Perguntas Frequentes

O que é o setor sucroenergético?

O setor sucroenergético engloba toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar direcionada à fabricação de açúcar, etanol e outros subprodutos energéticos, levando tecnologia e inovação para transformar o campo e a indústria. Isso envolve desde o cultivo agrícola até a industrialização, comercialização e exportação dos produtos finais.

Como está o mercado sucroenergético em 2025?

Em 2025, o mercado sucroenergético brasileiro enfrenta um contexto de baixa nos preços do açúcar (mais de 20% de queda anual) e desvalorização do etanol. O setor passa por mudanças expressivas no mix de produção, aumento da concorrência internacional e dificuldades de rentabilidade.

Quais são as principais mudanças no mix?

O principal ajuste em 2025 foi o direcionamento recorde da cana para açúcar, chegando a 52,9% da colheita em setembro. Isso ocorreu pela queda de margem no etanol e pressão da produção crescente de etanol de milho. A flexibilidade tradicional do mix foi limitada pelos preços baixos simultâneos em ambos os produtos.

Vale a pena investir no setor sucroenergético?

2025 é um ano de atenção redobrada para investidores. O setor enfrenta volatilidade extrema e desafios no ajuste de mix e estratégias de mercado. Investimentos exigem avaliação criteriosa de riscos, acompanhamento próximo do cenário global e adoção de instrumentos de proteção como os oferecidos pela Uhedge.

Quais impactos a queda histórica causou?

A queda dos preços provocou desvalorização nas ações de grandes empresas, margens reduzidas, maior oferta global e desaquecimento do consumo interno. A rentabilidade das usinas foi diretamente afetada, exigindo alternativas de gestão financeira e proteção de caixa para enfrentar a concorrência e a incerteza nos mercados.

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